Se tem uma coisa que os boqueiraoenses
gostam é de discutir política. Nos finais de semana, alguns costumam se reunir
nos bares da cidade, e o assunto predominante é a política. O bate-papo
político até ganhou um apelido: DDS (não sei explicar o significado). O que
acho interessante é que críticos e defensores se juntam para discutir, mantendo
seus pontos de vista sem afetar significativamente os laços de amizade.
Faltando pouco menos de dois anos
para as próximas eleições municipais, as especulações estão a todo vapor. Quem
estará ao lado de quem? Quem tem votos e quem não tem? Quem sairá vitorioso e
quem não sairá? É claro que qualquer previsão agora é precipitada, uma vez que,
na política, o cenário pode mudar rapidamente.
A oposição local encontra-se
fragmentada, buscando reunir forças, embora muitos interesses sejam
divergentes. Já o grupo da situação teve algumas baixas, mas consegue
estabilidade suficiente para garantir a governabilidade por meio de alianças
com as principais lideranças políticas.
É importante notar que o perfil do
eleitorado boqueiraoense está mudando, uma vez que as pessoas estão cada vez
mais informadas e têm melhores condições de renda. Além disso, o acesso e a
proximidade com a administração atual, que vivencia os problemas e dificuldades
da população (o que não ocorria há pouco tempo), explicam talvez uma maior cobrança
por melhorias - o que é positivo.
Mas é notório que existe uma
cobrança exagerada de ações puramente políticas em detrimento das ações
administrativas. Muitas frases explicam bem isso, como: "é um bom
administrador, mas não sabe fazer política"; "pode até pintar de
ouro, mas isso não basta".
Apesar disso, acredito que na próxima eleição municipal não
haverá a mesma motivação vista nas campanhas de 2004 e 2008, quando a ideia era
resgatar a dignidade dos boqueiraoenses devido a salários atrasados dos
funcionários e problemas econômicos locais. A atual disputa política em
Boqueirão parece se concentrar em desavenças pessoais e interesses pelo poder,
com poucas perspectivas de mudanças administrativas significativas. A disputa
tende a focar na permanência ou troca de peças na estrutura de poder, sem o
mesmo ímpeto por melhorias vivenciado anteriormente.
A atual administração priorizou os
trabalhos nos dois primeiros anos para resolver pendências e gargalos que
afetavam a chegada de recursos federais ao município, essenciais para o
desenvolvimento. Agora, é crucial que esse trabalho se reflita em melhorias
nas condições estruturais da cidade para que a percepção da população em
relação aos aspectos positivos dessa gestão melhore e se traduza em ganhos
eleitorais.
É fundamental que os boqueiraoenses
tenham cuidado em garantir e ampliar as conquistas dos últimos anos, para não
prejudicar ainda mais o desenvolvimento do município, que poderia estar em um
estágio mais avançado.